Medo

26 de maio de 2009

Não sei por onde começar.
Só sei o que sinto.
E nem nome sei dar para essa dor esquisita que agora me toma...
Ciúmes? Não, com certeza não.
Inveja? Acho que não também. Não há o que ser invejado.
O que seria então?
Num momento em que tudo está dando certo, todas as pessoas que amo estão perto de mim, me vem essa sensação terrível de solidão. Sem mais nem menos. Essa carência sem sentido que escondo com tanta facilidade, talvez por prever que sentiria, talvez por já ter sentido tantas vezes que nem mesmo perceba a mentira num primeiro momento.
Eu só quero ser feliz.
Ninguém entende isso.
Já vi pessoas me apontarem como exemplo de alegria, de riso, de otimismo...
Nunca encontrei ninguém que me entendesse de verdade.
Já contei segredos para centenas de rostos, desde a velhinha no ônibus até aqueles que chamo de melhores entre os amigos.
Nunca me abri por inteiro com ninguém. Nem acho que alguém de fato deseje que eu me abra tanto.
Já me apaixonei perdidamente a ponto de dizer que morreria por aquela pessoa.
Nunca me apaixonei por ninguém por quem morreria de verdade.
Já magoei muito algumas pessoas.
Nunca quis magoar ninguém...não...eu quis sim, uma vez. E magoei todos à volta dessa pessoa, menos a própria.

E nunca quis mentir.

Mas tem coisas que simplesmente surgem na minha boca. Palavras que não são minhas, mas são ditas com a minha voz. E quando percebo já falei. Muitas coisas no mundo são mutáveis, podem ser refeitas, mas as palavras... As palavras quando saem da boca não voltam mais, e há sempre ouvidos atentos e dedos esticados em nossa direção.

Eu erro. Erro muito.

Minha principal qualidade, muito mais valiosa que meu sorriso amarelo, é saber disso.

Não me aponte na rua! Não ria de mim! Não se sinta superior ou inferior a mim! Não fale dos meus defeitos sem olhar para o próprio umbigo! Não fale mal da minha família! Não me acorde quando eu estiver dormindo! Não fale mal dos meus amigos! Não me trate como uma criança, pois qualquer pessoa que tiver maturidade suficiente para me tratar dessa forma não o fará justamente por ter maturidade! Não seja ridículo! Não tente me fazer inveja! Não tente me colocar para baixo porque tenho uma base muito sólida e qualquer tentativa nesse sentido será inútil! Não me pergunte “o que eu tenho” quando não estiver sorrindo. Se eu quiser dizer o que tenho já vou chegar contando! Não me deixe só!

Eis que chego o mais próxima possível do que conheço como tristeza. Nada que um abraço inocente de alguém que realmente me ama não resolva.
Procuro em volta, mas não há ninguém.