Completa

26 de novembro de 2009

Dentre as tantas superstições dos homens
Prendo-me apenas a uma,
que nem superstição se considera,
mas uma mescla de crenças contadas.

Quando olho para um avião vejo mais do que se vê.
Uma máquina carregadora de gente e sonhos,
capaz de levar aos céus meus desejos mais íntimos
com apenas o fechar dos olhos, um pedido sincero e um sopro.

Mas um dia, não diferente de todos os outros,
vejo quatro desses metálicos gigantes com asas
entrecruzando o céu num jogo-da-velha de nuvens
e surpreendendo-me, pela primeira vez, sem nada para pedir.

Conheço, assim, a sensação de não querer nada.
Vejo-me sozinha e sem outro objetivo que não olhar para o céu.
E admirando a beleza das linhas brancas no tão raro azul
enfrento a (in)felicidade de ter tudo o que quero...e mais nada.

Salamanca

16 de novembro de 2009

A descoberta mais surpreendente que fiz desde que viajei é que meu coração não está em um lugar, ou trancado dentro de mim, mas igualmente dividido entre as pessoas que amo.
Não preciso estar na minha cidade, basta ficar poucos minutos com gente que realmente conheço para me sentir, mesmo que por poucos instantes, em casa.