Psicose

25 de novembro de 2013

Vejo-me de fora e há um breu. Só eu estou iluminada, mas por uma luz tão triste quanto eu.
Ouço vozes, sinto pessoas à minha volta, mas não vejo nada.
Busco ajuda e, quando encontro, tenho medo.
O medo me consome.
Abraço alguém que me toca de forma diferente de todos os outros. É confortável. E justamente por ser assim, não pode ser real. O conforto é uma mentira. Afasto-me porque prefiro o peso da realidade à mais uma vida de mentiras confortáveis. Braços agarram meus braços. Mexo as pernas em desespero. tento me prender a algo para que meus braços se libertem. Quando finalmente firmo os pés, outras mãos os puxam. Meu braços, no entanto, continuam presos. Meu corpo estica. Sinto minha barriga se abrir, o coração se partir e as vísceras saírem, revelando o que antes era só meu, o que eu guardava de mais feio, nojento e humano.
O silêncio toma conta do ambiente, mas minha mente grita.
Quero abrir os olhos, eu preciso abrir os olhos. Tiro a venda e fico ainda ainda mais cega.
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou.
A cegueira se transforma em consciência momentânea, em um instante de claridade antes da noite eterna.
Por que você acreditava em mim naquela hora e agora não?

Por favorpor favor, por favor, por favor, POR FAVOR

Abra as cortinas!


Carta aberta à Biba

14 de setembro de 2013

Eu sei que você não fugiria.
Não só porque não tinha motivo, mas também porque você passou a ter medo da rua quando tomou um chute de um lixeiro. Lembra?
Você ainda era filhote, acho que foi em 1998. Como todos os filhotes, principalmente os de vira-lata, você queria explorar o mundo e não tinha portão, grade ou dona louca desesperada correndo atrás de você que impedisse isso. Infelizmente, um dia você correu atrás do pé de um idiota e ele te deu um chute. Acho que foi a primeira vez que xinguei alguém de verdade.
Você não fugiria.
E não importa se agora, com 15 anos, você estava desorientada. Mesmo desorientada, você se desorientava só dentro de casa, onde, mesmo surda, mesmo cegueta, você sabia que estava perto da gente.
Eu sei que você não fugiu.
E não importa se, sem querer, alguém fechou o portão de casa e você ficou pra fora. Você não iria longe. Eu sei disso pelos motivos que já citei.

Já ouvi gente dizer que o cachorro vira-lata, quando fica velhinho, tenta se afastar dos donos pra morrer.

Eu sei que você pode ter feito isso. Só não acho justo, sabe?

Porque você tava comigo sempre. Você foi a primeira a saber do meu primeiro beijo, da primeira paixãozinha, você tava lá quando eu me formei no SESI e achava que não ia mais ver os meus amigos de sempre. Você tava lá quando eu passei no vestibular. Você tava lá quando eu me formei. Você tava lá quando eu viajei pra fora e tava lá também quando eu voltei. Você tava lá quando eu conheci o homem da minha vida. Você sempre esteve lá.
Eu acho injusto agora, quando você mais precisa, eu não estar perto... Eu nem saber aonde você está.

Biba, depois de sobreviver a picada de aranha, chute de lixeiro, crises de epilepsia e queda da sacada, você ganhou o apelido de Highlander. E eu sempre brincava, dizendo que você não morreria nunca. Eu não sei se você entendeu isso e resolveu se afastar pra gente não te ver sofrendo.
No meu peito, minha linda, você nunca vai morrer. Nunca.
Eu torço muito pra que você volte. E volte logo, pra gente poder cuidar um pouquinho de você, que sempre cuidou tanto da gente.
De qualquer forma, eu queria dizer que agradeço muito por ter tido a sorte de te conhecer e de me apaixonar por você logo no primeiro dia.
Eu te amo. Eu vou te amar pra sempre.
Marina

Biba Cury Reis

Estrela

7 de junho de 2013

"Meu pai disse que aqueles pontos, lá em cima, são espíritos do passado. Disse que quando a gente morre, vai lá pra cima e fica olhando pelas pessoas que estão aqui embaixo. Ajudando, sabe?! Ele falou que depois que a gente morre se transforma em luz pra guiar as pessoas que ficam. Aí eu disse que não sabia por que o pessoal daqui de baixo precisava de tanto guia. Ele explicou que eu ainda era muito pequeno pra entender algumas coisas, mas que um dia posso precisar de tanta ajuda que vou achar que faltam pontinhos lá em cima. Ele falou que quando esse dia chegar, se ele não estiver mais aqui com a gente, vai estar grudado lá naquele pano preto pra me ajudar a seguir em frente."

"Você não contou pra ele que a professora de Ciências deu uma aula sobre estrelas e constelações na semana passada?"

"E acabar com a inocência dele assim, sem mais nem menos? Eu nunca seria tão malvado."

Tempo perdido

23 de abril de 2013

Falta tempo. Essa é que é a verdade. O dia bem precisava ter umas 30 horas, 35...
Minha vida não é só trabalho, sabia? Eu estudo, resolvo um monte de pepinos da empresa, trabalho em casa depois do serviço, luto boxe e ainda durmo quatro horinhas por noite, senão a coisa não funciona. Ah, eu sei que o senhor vai falar "corta o boxe", mas, olha, sinceramente, se eu parar de socar o saco de pancadas vou acabar socando o Juninho do RH. O senhor sabe que eu não sou violento, mas o Juninho é um filho da... É um... Bom, o Juninho é cricri. Enfim, não estou dizendo que a falta de tempo é culpa do Juninho, ou do senhor, ou da empresa, mas vamos combinar que o cliente também não ajuda. Já falei que levo três dias pra entregar um projeto, mas, mesmo assim, eles me mandam o material hoje pedindo a entrega pra ontem. É humanamente impossível. Tudo bem se fosse só de vez em quando, mas eles nunca dão um prazo decente. Eu tô ficando estressado. E o senhor sabe o que acontece quando eu fico estressado. Primeiro o cérebro avisa o corpo de que precisa dormir mais, de que não quer continuar brincando. Se o corpo não respeita, já viu, o cérebro desliga e eu fico doente e perco uma semana em casa e o trabalho atrasa e... É, eu sei que o senhor vai dizer que é pra isso que serve o plano de saúde que vocês pagam, mas, senhor, acho que mereço um pouco mais de reconhecimento. Se não dá pra mudar esse esquema desumano de trabalho, pelo menos me pague um salário um pouco mais humano. Assim... Com todo o respeito.

Bom, acho que tá bom. Não posso esquecer de fazer essa cara de desesperado que fiz agora pro espelho. Espirrar pode ser uma boa ideia também, assim ele vê que eu tô doente de tanto trabalhar e fica com pena... É, ótimo, vamos lá.

Chefe?
"Hum".
Sobre o projeto de hoje...
"Hum".
Falta tempo. Essa é que é a verdade. O dia bem precisava ter umas 30 horas, 35...
"Se falta tempo, por que você está aqui me dizendo isso e não está trabalhando?"
Ah... É que...
"Detesto esse blablablá de que falta tempo pra tudo."
Mas, senhor, eu... Eu... Ah... Atchim.
"Tem remédio pra gripe no RH. Pede pro Juninho."
Mas, senhor... O que eu queria dizer era importante.
"Então diga."
Eu... Eu...
"Você o quê, rapaz?"
Eu... Sou... Alérgico a esse remédio que tem no RH. Posso ir à farmácia comprar outro?
"Pode, mas vai voando. Tempo é dinheiro, rapaz, tempo é dinheiro!"

A textura dos sonhos

3 de abril de 2013

Trabalho em equipe.
Acho que se fosse definir minha vida, seria desse jeito.
Um bom e belo trabalho em equipe.
Digo isso porque, desde que nasci, me acostumei a não fazer nada sozinha.

Só ir ao banheiro. Ao banheiro eu vou sozinha.

Mas tirando isso, seja nos momentos mais banais, seja nos mais importantes, estou sempre muito bem acompanhada e consciente de que posso contar com quem está ao meu redor.
Desta vez, não foi diferente.
É com muito orgulho, prazer e um sorriso na cara daqueles que fazem cócegas nas orelhas, que apresento a vocês o resultado do trabalho de uma grande equipe...

O PERIPÉCIAS NAS ENTRELINHAS VIROU LIVRO!

Sim, é isso mesmo.

LIVRO. Desses de papel. Desses que lemos com atenção e que nos fazem rir e chorar. Desses que damos de presente, que têm cheirinho de novo e uma capa bonita e simples que já antecipa o que será encontrado em cada página.

O Peripécias saiu do mundo virtual. Agora é real. Concreto.

É um sonho que acaba de ganhar textura de livro.

E, como já disse antes, a materialização desse sonho só foi possível com a ajuda de pessoas extremamente importantes.
Capa, contracapa, diagramação, revisão e prefácio foram feitos pelos meus irmãos. De sangue ou não. Gente de quem me orgulho muito e que vou levar sempre comigo.
Obrigada, André, Heitor e Tyler.
Acho que nunca vou ser grata o suficiente a vocês.

Agora você, leitor, já pode conferir o resultado desse belo trabalho em equipe.
Lá, você poderá conferir a capa, as primeiras páginas, as características da obra e compra-la pela internet. Para agradar a todos, o livro está disponível também na versão e-book.

Os textos foram selecionados com muito cuidado e carinho. Eles traduzem o que vejo em mim e no mundo à minha volta.
São páginas repletas.
Assim, repletas "ponto final".
Do que elas são repletas, cabe ao leitor descobrir.
Acesse, confira, comente, deixe seu pitaco aqui ou na página da editora, afinal, esse é um momento feliz demais para não ser compartilhado com os amigos.
Ainda mais com amigos tão especiais.
A todos vocês, muito, muitíssimo obrigada!

Titica na cabeça

20 de março de 2013

- Você pegou pão de alho?
- Peguei.
- Picanha?
- Que picanha o quê?! Cada um deu dez reais pro churrasco. Se a gente comprar picanha não sobra dinheiro pra cerveja.
- Tá, quanto a gente pegou de cerveja?
- Noventa reais.
- Ah... Então sobram dez reais pra carne, é isso?
- É... Não, pera aí... Ah, é, é isso mesmo.
- Bom, o jeito vai ser comprar coração de frango.
- Eca! De jeito nenhum!
- Não gosta?
- Olha, eu gostava bastante quando era criança, mas quando descobri que o "coração de frango" era coração mesmo, não consegui mais comer.
- Como assim?
- Ué, pra mim era só uma carne com um nome engraçado.
- Cara, isso não faz o menor sentido!
- Claro que faz! Pensa comigo, "patinho", por exemplo, não é carne de pato, "lagarto" não é lagarto, "cupim" graças a Deus não é cupim mesmo, por que diabos o "coração" tinha que ser coração?
- ...
- Tive uma ideia melhor, vamos pegar asinha.
- ... Você sabe o que é a asinha, não sabe?
- Claro que sei, né?!
- O problema é o mesmo do coração!
- Não é não!
- Qual é a diferença? Vai me dizer que asa do frango não bate mais forte quando ele se apaixona?
- Bom... Asa ele tem duas, coração tem um só...
- E?
- E que se a gente tirar uma asa, ele não vai morrer, só vai deixar de voar. Não é óbvio?
- É... Claro... Óbvio.

Sem pausas

21 de fevereiro de 2013

Correu como se nada mais houvesse e nada mais importasse Quase foi atropelada na correria por um carro e depois por uma moto mas nada aconteceu Nada aconteceria A cada passo sentia o coração batendo mais forte mais rápido Tinha ganhado um beijo Um beijo de verdade molhado na boca daqueles que deixam a perna bamba e a vida bamba atrás das pernas Ainda no caminho tirou a chave da bolsa e a segurou na posição certa para abrir a porta e entrar correndo e quando chegou finalmente entrou pegou o caderno dentro do armário procurou uma caneta abriu o caderno respirou e
Sorriu
Suspirou
Deixou que uma lágrima de felicidade escorresse
E rindo pôs pra fora o que lhe escorria pelos poros e enfeitou seu caderno com as mais belas palavras da língua e quando não encontrava palavras suficientes inventava adjetivos novesíssimos e lindonérrimos Deixava que a caneta dançasse já que as pernas se recusavam a parar de tremer e escreveu até que o pulso doesse e o sono batesse e o coração se acalmasse e todo o corpo ficasse
finalmente
em paz

Sobre o amor e um belo par de brincos

24 de janeiro de 2013

Eu nunca liguei pra coisas de menininha.
Brincos, colares, maquiagem, salto alto... Pra mim, isso tudo sempre foi desnecessário e chato.
Vivia rindo das meninas que perdiam horas (sim, HORAS) "se arrumando" pra sair de casa.
No auge da adolescência, tinha uma mochila, um sapato de salto, um vestido, quatro calças jeans, quatro pares de tênis e 10 camisetas.
Até aí, tudo bem, cada um com o seu estilo.
Depois de velha perdi um pouco do preconceito e comecei a usar coisas mais femininas, mas nunca fui de frescura, nunca me matei pra pagar um sapato, e nunca, repito, nunca liguei quando perdia uma bijuteria ou algo do tipo.
Porque mulheres perdem bijus, não sei se você sabe disso, mas acontece com certa frequência.
Mas aí, outro dia, você me deu um par de brincos.
Lindo, lindo como nunca achei que acharia um par de brincos.
Tive vontade de pendurar na orelha e sair mostrando pra todo mundo na rua, mas me contive e mostrei só pro pessoal de casa.
Na noite seguinte, fiz questão de usa-los pra sair com você. Me enchi de alegria quando você notou que eu estava com os brincos que você tinha me dado, e quis, naquela hora, que você me arrancasse os brincos, as roupas e me amasse ali mesmo. Mas só saímos de casa e fomos a um bar com os amigos.
Na manhã seguinte, guardei os brincos na bolsa, porque eram lindos demais e brilhantes demais pra se usar durante um dia longe de você.
E qual não foi minha surpresa quando cheguei em casa, abri a bolsa e um dos brincos não estava lá!
Revirei a bolsa, mas só encontrei um dos brincos.
De repente, o dia perdeu a graça e me deu um vazio tremendo. Uma tristeza.
Me deu vontade de chorar.
Sabe, não era só um brinco, era o brinco que você tinha me dado.
Saí correndo de casa, abri o portão e procurei desesperada pela calçada.
Pra minha sorte, ele estava lá. Provavelmente caiu quando tirei a chave da bolsa.
E então o dia voltou a ter graça porque o brinco que você tinha me dado estava ali, comigo.
Porque você estava ali comigo.
Porque entendi, enfim, que tudo que você me dá me transforma, e que eu gosto cada vez mais de mim quando estou com você.

Só no sapatinho

22 de janeiro de 2013

Leonel era um cara honesto, trabalhador, casado e respeitoso. Professor, sempre deu duro para sustentar a família que tanto amava.
Um de seus melhores amigos era Lúcio, que além de grande professor era também um grande galinha.
Cada dia da semana, um dos dois ia de carro e dava carona ao outro.
Era uma boa forma de economizar na gasolina.
Na sexta, foram com o carro do Leonel.
Ao chegar na escola, Lúcio foi informado de que seus alunos não iriam porque era sexta, era noite, o céu estava estrelado e a cerveja do bar da frente era gelada demais para ficarem dentro de uma sala de aula.
Lúcio até gostou. Tinha combinado de se encontrar com uma "delicinha" depois da aula. Não teve dúvida, pediu o carro de Leonel emprestado e foi curtir a noite.
Voltou no fim do expediente pra buscar o amigo e devolver o carro.
No dia seguinte, Leonel colocou a mulher, a sogra e as duas filhas pequenas no carro para curtir o sabadão em família. Todas entraram, Leo ajudou a colocar a filha menor na cadeirinha e se sentou no banco do motorista. Quando foi pegar o freio de mão para soltá-lo, pegou, para sua surpresa, um sapato de salto.
Gelou e tentou disfarçar o susto. Jogou o sapato para baixo do seu banco torcendo pra que a esposa não tivesse notado nada.
Como ele explicaria aquilo?
Algo lhe dizia que o velho "Eu não sei como isso veio parar aqui" não funcionaria. Ele precisava agir, precisava ser rápido e ninguém podia notar. Foi dirigindo em direção ao shopping enquanto esperava pela oportunidade perfeita.
Estava parado no semáforo quando a oportunidade surgiu. Um carro de papai noel atravessou a avenida da frente fazendo a maior farra. Ele esperou que todas olhassem para o outro lado e não teve dúvida, arremessou o sapato pela janela.
Ufa!
Assunto resolvido. Depois ele pegaria o Lúcio pelo pescoço, mas pelo menos do problema maior ele já havia se livrado.
Chegando ao shopping ele estacionou, pegou a filha e já estava se afastando do carro quando teve de segurar o riso, manter a compostura e voltar para ajudar a sogra, que, desesperada e confusa, procurava pelo pé direito de seu sapato novinho.

Branco

16 de janeiro de 2013

Poucas coisas desafiam tanto quanto uma página em branco.

Silenciosa.

Tão cheia de nada e tão aberta a tudo.

Ainda assim, vazia.

Ela que, branca, espera pacientemente que traços a enfeitem ou sujem.

E quantos desses traços não são palavras, mesmo que traduzidas em imagens?

Poucas coisas podem sujar tanto quanto as palavras erradas.

Imagino, em cada folha branca, a brancura enfrentada por Machado, Picasso, Mozart...

Penso em tudo que foram capazes de fazer com suas folhas em branco.

Esqueçam as bombas, o petróleo, o dinheiro. As maiores mudanças humanas foram feitas por pessoas que sabiam como usar folhas em branco.

Por isso, cada vez que me sento diante do computador, peço licença a essas pessoas que mudaram o mundo com suas letras e sentimentos.

Cada vez que alguém diz que chorou ou riu ao ler algum dos meus textos, muito mais que meu ego, minha consciência do valor das palavras aumenta muito.

Hoje, respeito as folhas em branco como quem respeita um deus.

O que não significa que eu não escreva bobagens. Apenas que cada bobagem escrita é pensada e repensada com carinho antes de ser publicada.

É consciente.

Também por isso, muitas vezes, fico longos períodos sem postar nada. E me desculpem.

O Peripécias está vivo, está bem e terá novidades em breve, isso eu garanto.

Que neste ano novo a rotina não interfira na criatividade, os sentimentos transbordem e enfeitem as folhas em branco e que os grandes escritores me perdoem por minhas bobagens, pois, parafraseando Cazuza - que sempre soube muito bem como preencher suas folhas em branco:

'Tem gente que recebe deus quando escreve.
Tem gente que escreve procurando deus.
Escrevo sim, com minhas pontuações mal-colocadas,
E peço a deus que me perdoe, mesmo assim.
Eu sou assim, escrevo pra me mostrar,
De besta.'